Home office: conheça os desafios para profissionais e empresas desse modelo alternativo de trabalho
Ao longo dos anos, algumas empresas e profissionais estão encarando os desafios de implementar home office. Seja pelos benefícios encontrados dentro das companhias ou por parte dos colaboradores, o modelo de trabalho remoto tem inúmero defensores. No entanto, apesar dos colaboradores estarem sendo avaliados pelos resultados apresentados, a barreira cultural, a falta de confiança e a dificuldade da gestão remota, ainda fazem com que o home office não deslanche como poderia.
Existem dois aspectos que podem ser observados como impulsionadores desse modelo. O primeiro deles é um movimento feito pelas empresas que tem a necessidade de reduzirem a infraestrutura e os gastos com as equipes. O outro, é uma demanda que parte do profissional, que está em busca de maior qualidade de vida e uma rotina de trabalho mais flexível.
Independente dos motivos, o modelo começa a ter mais adeptos à medida que a gestão de trabalhos e processo se torna completamente digitalizada. Toda empresa, independentemente do porte, pode aderir. No entanto, algumas corporações e profissões tem maior facilidade para se adaptar ao home office.
Nesse sentido, algumas carreiras possuem maior flexibilidade para desempenhar suas funções de maneira remota. A carreira em TI é uma das mais flexíveis em termos de locação física, uma vez que muitos colaboradores são contratados por projetos e, na maioria, a função que desempenha não depende de outras áreas da empresa. Programadores, desenvolvedores de softwares, criadores de aplicativos, são apenas alguns dos exemplos.
É importante ressaltar que nem todos profissionais conseguem se adaptar a esse regime de trabalho. É preciso ter muita maturidade para gerenciar de maneira responsável o tempo, a automotivação, os resultados e também o marketing pessoal. O colaborar deve entender que, mesmo estando remoto, as entregas da empresa continuam e ele ainda é parte de uma equipe e de uma estrutura com objetivos empresariais. É muito comum vermos pessoas que nunca trabalharam não conseguirem se adaptar a esse modelo. O profissional que não tem vivência no contexto empresarial, em muitos casos não consegue se autogerir para fazer as entregas necessárias.
Do ponto de vista das corporações, para que o trabalho remoto realmente funcione, a empresa precisa ter valores e uma missão muito fortes, a ponto de, mesmo à distância, ser possível engajar o profissional na cultura da organização. Caso contrário, esse colaborador irá se descolar da missão empresarial e possivelmente seu engajamento com o trabalho irá diminuir. Outro fator indispensável é a confiança entre gestor e funcionário. Acreditar e ter certeza de que o melhor trabalho possível está sendo realizado é um desafio, principalmente para os líderes mais centralizadores.
Os benefícios de flexibilidade, autogestão, produtividade, redução de custos e redução de estresse, atraem muito os profissionais da geração Y, por exemplo. Entretanto, uma grande maioria ainda é imatura nas relações de trabalho e podem sim confundir o benefício do Home Office com um Day Off, por exemplo.
O fato é que a possibilidade de trabalho remoto tem aberto uma crescente movimentação e a possibilidade de novas carreiras. É o caso dos nômades digitais, que por não terem apego físico ao local de trabalho, conseguem viver a vida viajando e trabalhando de maneira remota.
Para estes casos, novamente, o que mais importa é o compromisso com a entrega de resultados, independente da presença ou localização física deste profissional. Mas, mesmo nestas profissões que podem atuar remotamente, nem tudo são flores. Isso porque os nômades digitais precisam adaptar suas entregas e eventuais reuniões por videoconferências à questão dos fusos horários das empresas para as quais prestam serviços, além de precisarem ser ainda mais focados para evitar as muitas distrações que se pode ter ao estar em uma cidade que ofereça um universo de coisas para se conhecer.
A questão da qualidade da internet também é um ponto muito importante, já que a maioria das funções em tecnologia demandam o uso desse recurso, o que pode ser um verdadeiro desafio para muitos nômades digitais que precisem usar Wi-Fi que estejam disponíveis para um grande público.
Apesar de vários benefícios e da crescente aderência, algumas empresas e gestores ainda são muito resistentes quanto à implantação do home office. A verdade é que para que essa dinâmica de trabalho realmente conquiste as empresas no Brasil é necessário superarmos a barreira da gestão de equipes à distância. É necessário que sejam definidas metas claras, expectativas e até que seja criada uma política corporativa quanto ao uso deste benefício. Arrisco dizer que muitos líderes e equipes precisariam ser treinados para estarem prontos para essa mudança.
Da mesma forma, sugiro que antes de ser implementado em toda a empresa sejam feitos projetos-piloto para que sejam desenvolvidas métricas e critérios de avaliação para determinar se está sendo um sucesso ou não esta iniciativa. É nesta fase que podem ser feitos ajustes importantes antes da total implantação.
Como podemos perceber, a tecnologia já atua a nosso favor, mas o mindset de dependência, a inexistência de uma política clara e a imaturidade de muitos profissionais são os verdadeiros vilões nesse processo.